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SNPIC - 1º de Maio: A Luta que Virou Mundo

SNPIC - 1º de Maio: A Luta que Virou Mundo

1.º de Maio: A Luta que Virou Mundo

O 1.º de Maio, nascido da coragem e da luta, continua a ser o símbolo da resistência trabalhista.

Porque ainda gritamos “1.º de Maio”?

"O 1.º de Maio não nasceu feriado — nasceu ferido."

O 1.º de Maio nasceu da repressão, do sangue, da fome e da coragem.

Nasceu em Chicago, em 1886, quando milhares de trabalhadores ousaram exigir o que hoje parece óbvio: o direito a viver, e não apenas a trabalhar.

Desde então, tornou-se um símbolo planetário da luta da classe trabalhadora. Foi bandeira, foi silêncio, foi prisão e foi rua. Foi proibido, foi recuperado, foi reinventado. Mas nunca deixou de existir.

Hoje, num mundo em que o trabalho se transforma e os direitos voltam a ser atacados, o 1.º de Maio não é apenas memória — é necessidade.

Este artigo reconstrói a sua história. Desde as fábricas de Chicago até às ruas libertas de Lisboa. Desde a repressão da PIDE ao cravo de Abril. Desde o anonimato de milhares até à voz coletiva de milhões.

Porque recordar não é olhar para trás. É levantar os olhos. E não baixar os braços.

As Origens do Primeiro De Maio
As Origens do Primeiro De Maio

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1. AS ORIGENS DO 1.º DE MAIO

Chicago, 1886 — onde o tempo começou a ser dividido

O 1.º de Maio nasce do trabalho sem tempo.

No final do século XIX, milhões de trabalhadores nos Estados Unidos e na Europa viviam submetidos a jornadas de 12 a 16 horas diárias, seis ou sete dias por semana. Mulheres e crianças eram exploradas por salários irrisórios.

Não havia descanso pago, licença, salário mínimo, nem contratos com proteção.

Foi nesse cenário que surgiu o lema: "Oito horas de trabalho, oito horas de lazer, oito horas de descanso."

Era uma reivindicação revolucionária.

Nos Estados Unidos, a luta pela jornada de 8 horas ganhou força com o movimento sindical clandestino, sobretudo em Chicago, onde sindicatos independentes, grupos anarquistas e organizações de imigrantes se uniram. A convocatória foi clara: 1 de Maio de 1886 seria o dia da greve geral nacional.

A adesão foi massiva. Cerca de 340.000 trabalhadores cruzaram os braços em mais de 13.000 empresas.

Mas a repressão também foi imediata.

No dia 3 de Maio, durante uma manifestação pacífica junto à fábrica McCormick, a polícia abriu fogo sobre os grevistas, matando e ferindo vários. A resposta foi um comício de protesto convocado para o dia seguinte, na Praça Haymarket.

A Revolta de Haymarket (4 de Maio de 1886)

Na noite de 4 de Maio, milhares reuniram-se em Haymarket Square. O comício decorria de forma pacífica, com discursos de líderes como August Spies e Albert Parsons, quando uma força policial se aproximou para dispersar a multidão.

Foi então lançada uma bomba — até hoje, nunca se soube por quem.

Sete polícias morreram. A polícia respondeu com disparos indiscriminados. Vários trabalhadores foram mortos ou feridos. E começou a perseguição.

O Julgamento dos Mártires

Oito ativistas foram presos e julgados por “conspiração”. Sem provas, quatro foram condenados à morte e enforcados: August Spies, Albert Parsons, George Engel e Adolph Fischer. Um quinto, Louis Lingg, suicidou-se na cela. Os outros três foram presos e depois libertados por perdão oficial.

Estavam lançadas as fundações do que viria a ser o 1.º de Maio: um símbolo de sangue, injustiça e resistência operária internacional.

Mas Haymarket não foi um episódio isolado. A indignação atravessou oceanos.

A Internacionalização da luta - Trabalhadores Unidos!
A Internacionalização da luta - Trabalhadores Unidos!

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2. A INTERNACIONALIZAÇÃO DA LUTA

Quando os mártires se tornaram bandeira do mundo inteiro

Três anos após a Revolta de Haymarket, a indignação espalhava-se. Nos jornais operários da Europa, os nomes dos Mártires de Chicago circulavam como hinos: Spies, Parsons, Engel, Fischer. Não eram heróis, eram trabalhadores enforcados por protestar. E isso bastava.

Em 1889, durante o Congresso da Segunda Internacional Socialista em Paris, no centenário da Revolução Francesa, representantes de partidos operários e sindicatos de vários países aprovaram por aclamação uma decisão histórica:

“Será organizada uma grande manifestação internacional numa data fixa, de modo que, simultaneamente, em todos os países, os trabalhadores exijam do poder público a redução legal da jornada de trabalho para 8 horas.”

A data escolhida foi o 1.º de Maio, como homenagem à greve de 1886 e aos mártires de Haymarket. Foi o nascimento do 1.º de Maio como Dia Internacional dos Trabalhadores.

1890: A primeira celebração global

No ano seguinte, a primeira celebração teve impacto imediato. Milhares de trabalhadores saíram às ruas em Paris, Londres, Milão, Berlim, Viena, Lisboa, Chicago, Buenos Aires.

  • Em Paris, os sindicatos desfilaram com bandeiras negras e vermelhas.
  • Em Londres, o Hyde Park encheu-se de manifestantes pacíficos.
  • Em Lisboa, apesar da vigilância, realizaram-se piqueniques e encontros discretos.
  • Em Chicago, grupos minoritários desafiaram o medo e voltaram às ruas.

A imprensa patronal chamou-lhe “subversão”. A classe operária chamou-lhe começo.

Um símbolo que atravessou regimes, censuras e fronteiras

Nas décadas seguintes, o 1.º de Maio tornou-se um ritual combativo anual. Foi perseguido por monarquias, censurado por ditaduras e esvaziado por governos neoliberais — mas nunca deixou de existir.

  • Em países com liberdade, tornou-se feriado de mobilização social.
  • Em regimes autoritários, foi distorcido — como no fascismo, que o tentou transformar em “festa do trabalho nacional”.
  • Em países comunistas, foi instrumentalizado, mas também maciçamente reivindicado.
  • Nos Estados Unidos, foi apagado dos calendários oficiais — mas nunca dos corações rebeldes.

E em Portugal?

Em 1890, o operariado português já celebrava, mesmo sem direitos. Em vez de manifestações visíveis, organizavam-se romarias e piqueniques de resistência, vigiados pela polícia e reprimidos pelo poder.

Foi o início de uma longa tradição: celebrar em silêncio, lutar na sombra, esperar a liberdade.

O que hoje é um direito, precisou de ser uma conquista!
O que hoje é um direito, precisou de ser uma conquista!

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3. CONQUISTAS E CONTRADIÇÕES

Nem tudo foi conquista. Nem tudo foi esquecido.

O 1.º de Maio ajudou a construir direitos fundamentais que hoje muitos tomam por garantidos:

  • Jornada de 8 horas
  • Feriados pagos
  • Fins de semana livres
  • Salário mínimo
  • Direito à greve
  • Segurança social
  • Sindicatos legais

Estas conquistas não vieram de cima. Vieram da rua, da greve, do sacrifício e da persistência. Vieram da teimosia de quem nunca aceitou que o trabalho fosse miséria ou submissão.

⚠️ Mas nem tudo é conquista

A história do 1.º de Maio é também feita de apagamentos, manipulações e contradições.

Nos Estados Unidos, onde tudo começou, a data foi apagada pelo poder. O “Labor Day” em setembro surgiu como alternativa patriótica e despolitizada. Em 1894, o presidente Grover Cleveland oficializou o novo feriado — não para honrar os Mártires de Chicago, mas para os enterrar na memória.

Nos regimes fascistas, o 1.º de Maio foi apropriado:

  • Mussolini chamava-lhe “festa do trabalho nacional”.
  • Hitler declarou-o feriado... e no dia seguinte ilegalizou os sindicatos.

Nestes casos, o 1.º de Maio deixou de ser luta e passou a ser encenação.

🧠 Resistir é recordar

Mesmo sob ditadura, censura, prisão ou distorção, a classe trabalhadora resgatou o 1.º de Maio como símbolo de resistência.

A data sobreviveu porque foi cuidada por sindicatos, militantes, professores, pais, mães, artistas e jornalistas comprometidos com a verdade.

Mas ainda hoje, as conquistas são frágeis. E a contradição continua: há feriado, mas há fome. Há descanso, mas há medo. Há direitos no papel, mas não na vida.

1.º de Maio entrou no século XXI como herança viva e combate necessário.
1.º de Maio entrou no século XXI como herança viva e combate necessário.

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4. O 1.º DE MAIO NO SÉCULO XXI

Novos tempos, velhas lutas, causas emergentes

O 1.º de Maio entrou no século XXI como herança viva e combate necessário. Mas o mundo do trabalho já não é o mesmo.

A precariedade tornou-se norma. O falso trabalho independente multiplicou-se. As plataformas digitais transformaram trabalhadores em algoritmos. O emprego formal já não garante direitos, nem segurança. A desigualdade aumentou. A proteção social diminuiu.

📱 Uberização, apps, IA — o trabalhador invisível

No início do século, o 1.º de Maio já não é apenas a data dos operários industriais.

É também dos que entregam refeições, programam códigos, cuidam de idosos ou trabalham em remoto sem contrato.

É o dia dos invisíveis — precários, migrantes, jovens excluídos do futuro.

A luta já não é só pelo salário. É pelo tempo, pelo corpo, pelo equilíbrio, pela saúde mental.

✊ Uma data que se reinventa

O 1.º de Maio passou a ser um palco plural de causas globais:

  • Justiça climática e transição justa
  • Igualdade de género e redistribuição do trabalho de cuidado
  • Regularização de migrantes e trabalhadores informais
  • Taxação das big techs
  • Direito à desconexão
  • Negociação coletiva na era da inteligência artificial

A bandeira vermelha está agora ao lado de cartazes verdes, arco-íris, pretos e digitais.

⚠️ A urgência permanece

Apesar das transformações, a essência permanece: O 1.º de Maio continua a ser o único dia em que, em todo o mundo, os trabalhadores falam primeiro.

Sem patrões. Sem governo. Sem desculpas.

É a nossa voz que ecoa. É a nossa história que avança.

Em cada passo, uma luta. No 1º de Maio, celebramos a força do trabalhador e a resistência pela justiça.
Em cada passo, uma luta. No 1º de Maio, celebramos a força do trabalhador e a resistência pela justiça.

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