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Assédio no Trabalho: A Indústria Cala, os RH Compactuam — E Quem Protege a Vítima?

Assédio no Trabalho: A Indústria Cala, os RH Compactuam — E Quem Protege a Vítima?

O Silêncio que Mata

Há violências que não deixam nódoas negras, mas matam devagar. Matam a confiança, a motivação, a saúde, a dignidade. Todos os dias, milhares de trabalhadores e trabalhadoras atravessam os portões de fábricas, escritórios e linhas de montagem com um peso no peito. O peso do medo. Medo de serem humilhados em público, desvalorizadas em privado, isolados pelos colegas ou atacadas pelas chefias. Esse medo tem nome: assédio laboral.

Segundo o artigo 29.º do Código do Trabalho: “Entende-se por assédio o comportamento indesejado, nomeadamente o baseado em fator de discriminação, com o objetivo ou o efeito de perturbar ou constranger a pessoa, de afetar a sua dignidade, ou de lhe criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador.”

Em Portugal, estima-se que uma em cada cinco pessoas já foi vítima de assédio no local de trabalho. A maioria nunca denunciou. Não por desconhecimento. Mas porque sabia que, mesmo denunciando, nada aconteceria.

O assédio tem vários rostos. E é sobre esses que precisamos de falar.

O assédio assume múltiplas formas — todas visam calar, humilhar e isolar. A ignorância institucional só alimenta esta violência.

O assédio assume múltiplas formas — todas visam calar, humilhar e isolar.
A ignorância institucional só alimenta esta violência.

Tipos de Assédio: Uma Violência com Muitos Rostos

O assédio laboral assume diversas formas, direções e intensidades. Todas partilham o mesmo objetivo: diminuir, isolar e silenciar. Seja dissimulado ou explícito, o assédio é sempre um abuso de poder.

Assédio Vertical Descendente

Exercido por superiores hierárquicos. Inclui gritos, humilhações, tarefas punitivas e pressões ilegítimas. Muitas vezes é disfarçado de “estilo de liderança” e ignorado pelos RH.

Assédio Horizontal

Entre colegas de igual posição hierárquica. Envolve exclusão, boatos, sabotagem ou desvalorização. Alimentado por culturas competitivas e direções omissas.

Assédio Vertical Ascendente

De subordinados para chefias intermédias, especialmente jovens ou mulheres. Ocorre através de boicote à autoridade e resistência organizada.

Assédio Sexual

Inclui comentários, toques, propostas ou gestos não consentidos. Silenciado por vergonha ou dependência económica. Requer proteção forte das vítimas.

Assédio Misto e Estrutural

Quando vítimas são atacadas por chefias e colegas simultaneamente, ou quando o abuso é culturalmente normalizado.

Assédio Anti-Sindical

Práticas de represália contra quem se sindicaliza ou representa colegas. Inclui rebaixamentos, exclusões ou ameaças veladas.

Por trás de cada rosto esgotado, há uma história de silêncio, abandono e dor que podia ter sido evitada.
Por trás de cada rosto esgotado, há uma história de silêncio, abandono e dor que podia ter sido evitada.

As Consequências: Corpo Doente, Carreira Destruída

O assédio afeta profundamente a saúde física e psicológica: ansiedade, depressão, burnout, doenças psicosomáticas. Pode levar ao abandono precoce da carreira, perda de rendimento e exclusão social.

As empresas ignoram o sofrimento. Classificam como “problema de perfil” ou “conflito interpessoal”. O agressor continua. A vítima adoece em silêncio.

O local de trabalho contamina-se. Instala-se o medo, a cumplicidade, a desistência. E a dignidade desaparece.

Quando os Recursos Humanos protegem a estrutura em vez da vítima, deixam de ser ponte e tornam-se muro.
Quando os Recursos Humanos protegem a estrutura em vez da vítima, deixam de ser ponte e tornam-se muro.

Recursos Humanos: Quando o Guardião se Torna Cúmplice

Os RH deveriam proteger pessoas. Mas na prática, protegem estruturas. Arquivam queixas, intimidam testemunhas, protegem agressores produtivos.

Agem como escudos legais da direção. Vêm o assédio como “risco reputacional”, não como crime. Falta-lhes formação, empatia e independência.

Se o RH falha, tudo falha. Falha o processo, falha a proteção, falha a justiça.

O SNPIC exige:

  • Formação obrigatória em assédio para todos os RH;
  • Avaliação ética do desempenho;
  • Auditorias externas aos processos internos;
  • Retirada de certificações a empresas reincidentes.
O sindicato transforma medo em força coletiva — porque onde a empresa falha, o coletivo ergue-se.
O sindicato transforma medo em força coletiva — porque onde a empresa falha, o coletivo ergue-se.

Quando tudo falha, o sindicato resiste:

  • O SNPIC escuta, acompanha e protege. Apoia juridicamente. Intervém nas empresas. Pressiona autoridades. Exige medidas nos CCT.
  • Forma delegados capacitados. Organiza plenários e campanhas. Exige respeito. Propõe outra cultura: uma onde a dignidade é lei.
  • O assédio é individual. Mas a resposta é coletiva.

Prevenção, Responsabilização e Mudança

Prevenir é criar sistemas seguros, claros e acessíveis.

Toda empresa deve ter:

  • Código de conduta visível;
  • Formação obrigatória para chefias e RH;
  • Canais de denúncia independentes e protegidos;
  • Protocolos céleres e justos.

O Estado tem de:

  • Reforçar a ACT;
  • Aplicar sanções reais;
  • Lidar com o assédio como questão de saúde pública.

E todos devemos:

  • Falar.
  • Ouvir.
  • Proteger.

Nunca Mais

O assédio laboral não é uma falha pontual. Não é uma simples “má gestão de pessoas”. É uma violação grave dos direitos humanos. É a degradação deliberada da dignidade no trabalho. E não acontece por acaso: ele instala-se onde há silêncio, onde há omissão, onde há estruturas mais preocupadas em proteger a imagem da empresa do que em proteger a integridade das pessoas.

Quando uma vítima é ignorada, quando uma queixa é arquivada, quando um agressor é promovido, a empresa não está apenas a falhar — está a pactuar.

O SNPIC diz basta.

Basta de normalizar a humilhação.
Basta de fingir que é um “mal-entendido”.
Basta de proteger quem abusa e abandonar quem resiste.

Combater o assédio não é apenas tarefa do sindicato, do RH ou da chefia direta. É uma responsabilidade coletiva. É um dever ético de todos: colegas, supervisores, técnicos, diretores. Nenhuma estrutura pode fingir que não tem nada a ver com isto. Porque quando uma só pessoa é ferida, toda a comunidade laboral sangra.

Onde há medo, não há dignidade.
Onde há silêncio, não há justiça.
Onde há assédio, não há futuro.

O SNPIC está — e estará — sempre do lado de quem escolhe falar. De quem não aceita calar. De quem transforma a dor em denúncia, e a denúncia em mudança.

Se estás a viver uma situação de assédio: fala.
Se viste acontecer: não ignores.
Se lideras pessoas: protege-as.
Se geres RH: sê humano antes de ser técnico.
Se representas o sindicato: sê trincheira, escudo e voz.

Esta campanha chama-se Nunca Mais.
Porque já passou tempo demais.
Porque cada silêncio custa uma vida.
E porque, a partir de hoje:
Nunca Mais é agora.

Nunca Mais: Basta de silêncio e cumplicidade. A dignidade no trabalho é um direito, não um privilégio.
Nunca Mais: Basta de silêncio e cumplicidade. A dignidade no trabalho é um direito, não um privilégio.

📢 Apoio, Denúncia e Proteção

Se estás a viver ou presenciaste uma situação de assédio laboral, não fiques em silêncio.

O SNPIC está aqui para te escutar, proteger e agir.

Podes apresentar o teu pedido de apoio de forma segura e confidencial através dos seguintes canais:

🔗 Portal de Apoio: my.snpic.pt
📩 Email Direto: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
📞 Linha de Apoio: 968 929 744 (dias úteis, 9h30–18h30)

Denunciar é um ato de coragem.
Organizar-se é um ato de transformação.
Juntos, somos mais fortes. Nunca Mais!

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CGTP - Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses
FESETE - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado e Peles de Portugal

Sindicato Nacional dos Profissionais da Indústria e Comércio do Calçado, Malas e Afins

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