A Associação Portuguesa da Indústria do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Sucedâneos (APICCAPS) recentemente anunciou que mais de 50 empresas do setor do calçado já assinaram o "compromisso verde". Embora este compromisso possa ser visto como um passo positivo em direção a uma indústria mais sustentável, há questões fundamentais
que precisam ser levadas em consideração. Podes ver o artigo da APPICAPS aqui.
Primeiramente, é importante destacar que a prioridade de muitas dessas empresas é, infelizmente, o lucro. As exportações do calçado portugueses tem crescido significativamente nos últimos anos, e é provável que a assinatura desse compromisso verde seja mais uma forma de melhorar a imagem dessas empresas perante o público e os clientes internacionais.
Em segundo lugar, é preciso destacar a falta de negociação coletiva no setor do calçado em Portugal. Enquanto as empresas lucram com as exportações, muitos trabalhadores enfrentam as carreiras congeladas, salários mínimos e um subsídio de alimentação de apenas 2,5 euros. Esperamos que empresas que praticam essas condições não tenham acesso a investimentos públicos.
Por fim, é importante destacar que o SNPIC - Sindicato Nacional do Calçado, Malas e Afins não é contra a sustentabilidade, mas sim contra a colocação da sustentabilidade acima dos trabalhadores. É necessário encontrar um equilíbrio entre a preocupação com o meio ambiente e a defesa dos direitos dos trabalhadores.
Em resumo, embora o compromisso verde assinado pela APICCAPS possa ser um passo positivo, é preciso levar em consideração a prioridade do lucro das empresas, a falta de negociação coletiva no setor e a defesa dos trabalhadores. Só assim poderemos ter uma indústria verdadeiramente sustentável.
O SNPIC - Sindicato Nacional do Calçado, Malas e Afins apela à sindicalização dos trabalhadores do setor do calçado em Portugal. É importante que os trabalhadores se unam e se organizem em busca de direitos e melhores condições de trabalho. A sindicalização oferece várias vantagens, como a possibilidade da negociação coletiva, aumento da representatividade dos trabalhadores junto às empresas e proteção jurídica. Juntos, podemos lutar pela valorização do trabalho e pela garantia de condições dignas de trabalho para todos.