O setor do calçado em Portugal está em processo de transição para se tornar mais sustentável e o "Compromisso Verde" da fileira é um passo importante nesse sentido, com um investimento de 140 milhões de euros, “o maior de sempre”. Nós, trabalhadores, pagamos por isto. Podes ver a notícia aqui.
O SNPIC - Sindicato Nacional do Calçado, Malas e Afins destaca a importância de que a sustentabilidade não seja vista apenas como uma preocupação ambiental, mas também como uma questão social. É crucial que as empresas que se comprometem a reduzir as suas emissões também invistam em condições justas de trabalho e remuneração digna aos seus trabalhadores. As empresas têm um dever social e definitivamente que a sustentabilidade é uma questão nova e importante, mas a precariedade no setor do calçado é uma questão antiga por resolver cuja importância é superior.
Infelizmente não existe uma boa negociação coletiva no setor do calçado, o que existe são baixos salários e carreiras congeladas no setor, e lamentamos que possivelmente empresas que mantêm essas práticas ainda possam receber investimentos públicos. É importante que as 100 empresas que subscreveram, ao momento, o Compromisso Verde, paguem salários e subsídios de alimentação dignos aos trabalhadores bem como bom ambiente de trabalho.
Embora a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) tenha traçado uma meta ambiciosa para o Compromisso Verde, envolvendo empresas que representem mais de 50% das exportações, o número de empresas que aderiram ao projeto é considerado "muito satisfatório" pelo porta-voz da associação, Paulo Gonçalves. As 100 empresas que se comprometem a reduzir as emissões representam cerca de 35% das exportações totais da fileira, o que é um passo importante em direção à sustentabilidade.
O Compromisso Verde faz parte do Plano de Ação para a Sustentabilidade lançado em 2019, que previa a realização dessa iniciativa. Embora a pandemia tenha atrasado a sua implementação, agora é hora de "passar das palavras aos atos". As empresas têm cerca de seis a oito meses para avaliar o seu estado atual e definir um plano de ação individual. Terão cerca de dois anos para implementar e cumprir esses planos.
A APICCAPS prevê investir 140 milhões de euros, com apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para tornar o setor mais sustentável.
O SNPIC destaca a importância de investir também na justiça social, além das questões ambientais. A transição para a sustentabilidade não pode ser feita às custas dos trabalhadores.
