O SNPIC - Sindicato Nacional do Calçado, Malas e Afins vem por este meio expressar a sua opinião crítica em relação à recente visita do eurodeputado José Manuel Fernandes à APICCAPS e a indústria do calçado, conforme relatado no artigo disponível aqui.
Embora reconheçamos a importância deste tipo de iniciativas e o esforço do eurodeputado em apoiar o setor do calçado em Portugal, consideramos que esta visita deixa de lado uma parte essencial do setor: os trabalhadores. O investimento público em empresas e associações é fundamental, mas é igualmente importante assegurar que os benefícios cheguem a todos os envolvidos e não apenas aos empresários e às próprias associações.
O eurodeputado José Manuel Fernandes mencionou a importância de utilizar os recursos financeiros disponíveis de forma inteligente, em prol do setor do calçado e da economia portuguesa. Contudo, pouco foi abordado sobre como garantir que esse investimento se traduza em melhorias concretas para os trabalhadores, como melhores salários e condições de trabalho.
José Manuel Fernandes afirmou: “Portugal nunca teve tanto dinheiro na sua história, de 2021 a 2027 tem cerca de 50 mil milhões de euros em subsídios, metade do que teve entre 1986 a 2021. É preciso utilizar bem estes recursos. Não basta gastar, é preciso investir”. Esta declaração levanta a questão de como e onde esse investimento está a ser direcionado e se os trabalhadores do setor do calçado estão a beneficiar de forma justa dessa distribuição de fundos públicos.
Seria importante que o eurodeputado também visitasse as fábricas e ouvisse as preocupações e necessidades dos trabalhadores. Além disso, seria fundamental que pressionasse as associações patronais a negociarem os contratos coletivos de trabalho de boa-fé, garantindo assim que os trabalhadores sejam tratados com justiça e respeito.
A má distribuição dos fundos públicos pode levar a consequências negativas para os trabalhadores, como a precarização das condições de trabalho e a falta de investimento em formação e desenvolvimento profissional. É essencial que o governo e os representantes políticos, como os eurodeputados e não só, se preocupem com a distribuição justa e equitativa do dinheiro público, garantindo que ele beneficie a todos os envolvidos no setor e não apenas a um grupo seleto de empresas e associações.
Como SNPIC, gostaríamos de apelar à união dos trabalhadores e à luta contra a má distribuição das verbas públicas em empresas ou associações que não as utilizam em prol do bem-estar e desenvolvimento dos trabalhadores. Acreditamos que, ao trabalharmos juntos e ao exigirmos transparência e responsabilidade na aplicação dos fundos públicos, podemos contribuir para um setor do calçado mais justo e próspero para todos.
