Apiccaps faz manobras no discurso. Não negoceia, mas diz que sim.
Manifestação em frente à loja do presidente da Associação Patronal - Apiccaps, pela exigência de aumentos salariais e subsídio de alimentação no setor do calçado.
"O que motiva [a manifestação em frente à loja do presidente da Apiccaps, Luis Onofre] é a postura desta associação patronal, um setor que tem tido resultados extraordinários nos últimos anos, em particular em 2022, um excelente semestre, e que insiste em manter os salários dos trabalhadores no limiar da pobreza, no salário mínimo nacional" - Fesete
"(...) os patrões do setor "recusaram-se a negociar valores justos de salário para 2022", sendo que há já outra proposta apresentada: "Já enviámos a proposta para 2023, que ainda não temos resposta, sem encerrarmos a de 2022 já temos em cima da mesa a de 2023." - Fesete
"(...) a associação salientou que "as negociações ainda nem começaram", pelo que "é de estranhar o momento" escolhido. - Apiccaps
"Os sindicatos têm toda a legitimidade para estarem na rua, mas estranhamos o momento escolhido porque as negociações começam em janeiro, só recebemos a proposta e foi dada a indicação de disponibilidade para negociar. - Apiccaps
(...) "As negociações são com a APICAPS e não com um empresário individual, estão a fazer pressão na casa de um empresário o que é lamentável" - Apiccaps
Fonte: Expresso.pt
A verdade é que a Apiccaps não negociou em 2022, exigiu. Para descongelar as carreiras e aumentar o subsídio de alimentação, a Apiccaps queria deixar o setor nestas condições:
Suspender durante 3 anos a progressão profissional de 3ª, 2ª e a 1ª na admissão de novos trabalhadores em regiões de escassez de trabalhadores;
Reduzir de 75% para 50%, o acréscimo a pagar aos trabalhadores pelas horas da adaptabilidade não compensadas, bem como reduzir a comunicação prévia de 7 dias para 3 dias úteis;
Reduzir os acréscimos pagos pelo trabalho suplementar em 50%, face ao que está no CCT;
Alterar a norma do CCT que garante o pagamento do 13º mês, aumentando as situações em que o pagamento é proporcional e condicionado pelo número de faltas justificadas;
Alterar a norma do CCT que regula a penalização por faltas injustificadas, aumentando o corte no salário ou nas férias;
A criação de um novo regime de 2 turnos, com um horário de 12 horas por dia.