O SNPIC - Sindicato Nacional do Calçado, Malas e Afins convoca a união e a solidariedade tanto dos trabalhadores como para com eles, em um momento em que o setor alcançou um recorde de exportações em 2022, acima dos 2 mil milhões de euros.
É verdade que a indústria do calçado português tem sentido os efeitos do abrandamento económico generalizado, mas tem procurado novos mercados, tendo as exportações extracomunitárias já representado 20% do total exportado em 2022, quando há uma década representavam apenas 9%.
Para o porta-voz da APICCAPS, Paulo Gonçalves, há um conjunto de janelas de oportunidade em vários países e mercados, destacando os Estados Unidos como uma das grandes apostas de futuro da indústria portuguesa do calçado e 2023 sendo um ano de consolidação do setor do calçado português nos mercados internacionais. Com 95% do calçado português a ser vendido nos mercados externos, a indústria está ciente de que precisa de procurar novos mercados e diversificar a sua base de clientes.
No entanto, o SNPIC - Sindicato Nacional do Calçado, Malas e Afins continua a alertar para a necessidade de aumentos salarias dos trabalhadores do setor, que continuam na precariedade, enquanto os empresários estão a pensar na sua sustentabilidade. O SNPIC apela à APICCAPS para que negocie o contrato coletivo de trabalho de boa-fé com a FESETE e os seus sindicatos, cujo SNPIC faz parte.
Não podemos esquecer que, enquanto os empresários obtêm lucros recordes, os trabalhadores continuam sem negociação coletiva de trabalho, o que implica que as carreiras estão congeladas e os empresários podem pagar apenas o salário mínimo. Além disso, é importante lembrar que, além de salários baixos, os empresários podem pagar apenas 2,5 euros de subsídio de alimentação, um valor que não é atualizado no contrato coletivo de trabalho há uma década.
Os empresários lucram recordes enquanto os trabalhadores continuam sem negociação coletiva do contrato de trabalho. Os trabalhadores do setor do calçado merecem condições dignas e justas de trabalho, incluindo um aumento salarial fundamental para a sua subsistência.
Acreditamos que a solidariedade e união de todos os trabalhadores do setor são fundamentais para a melhoria das condições de trabalho e conquista de direitos. Como motor da indústria, deveríamos pensar seriamente se o governo deveria ou não apoiar empresas que propositalmente mantêm os trabalhadores na precariedade, enquanto têm acesso ao dinheiro dos nossos impostos e ao PRR cujo plano entre outras coisas serve para a recuperação e sustentabilidade. Enquanto alguns empresários renovam frotas com carros elétricos ou híbridos de alta gama para respeitar a sustentabilidade, os trabalhadores nas mesmas empresas estão na precariedade. Por que não focar na sustentabilidade dos trabalhadores? Não é justo que alguns empresários abusem dos investimentos públicos enquanto os trabalhadores estão na precariedade!
Assim, o Sindicato Nacional do Calçado, Malas e Afins (SNPIC) apela à APICCAPS para que, em conjunto com os sindicatos, negocie de forma justa e transparente o contrato coletivo de trabalho, e que sejam encontradas soluções que valorizem e dignifiquem os trabalhadores do setor do calçado em Portugal. Juntos, podemos tornar 2023 um ano de consolidação do calçado português nos mercados internacionais, com condições de trabalho dignas e justas para todos os trabalhadores.